Em 1987, uma platéia privilegiada assistiu à conquista do primeiro título do então desconhecido Andre Agassi no Masters de Itaparica, na Bahia. Alguns ainda mais afortunados dividiram espaço com o americano, que se tornaria um dos maiores nomes do tênis em todos os tempos, nas quadras e vestiários do torneio, na época o maior da América Latina e parte do circuito da ATP. Os tenistas que disputam a quinta etapa do Citibank Masters Tour em Brasília, Distrito Federal, até domingo, relembram os primeiros passos do tenista, que se despede do esporte no US Open, em Nova York (EUA).
Nelson Aerts, que integrou a equipe do Brasil na Copa Davis por muitos anos, lembra bem do furor causado por Agassi. A vitória na final sobre Luiz Mattar, número 1 do Brasil na ocasião, chamou a atenção para o estilo único do americano, que ao longo dos anos se tornou referência também fora das quadras.
– O Agassi é um artista, ele sabe perfeitamente que o público que assiste aos jogos dele e o aplaude não faz isso pelo tenista em si, mas pela personalidade, por tudo o que ele representa. É um grande campeão e conseguiu unir coisas praticamente incompatíveis: ser top, ter qualidade de vida, uma família, e longevidade. Isso é muito mais difícil do que chegar a ser número 1 do mundo – analisa Nelson. – Independentemente de ganhar ou não o US Open tenho certeza de que ele sai do tênis satisfeito, porque conquistou tudo o que estava a seu alcance.
Agassi, que na noite desta quinta-feira manteve-se vivo no Aberto dos EUA após uma vitória épica contra o cipriota Marcos Baghdatis em cinco sets, será ausência sentida nas quadras de todo o mundo de acordo com Ricardo Acioly. O ex-capitão do Brasil na Davis conheceu Agassi antes da conquista em Itaparica e acompanhou toda a carreira do tenista.
– Joguei uma partida de duplas contra o Agassi quando ele estava começando, tinha uns 16 anos. Era um menino prodígio, já dava para ver que ele batia bem demais na bola. Ganhamos com facilidade, mas tive a certeza de que ele seria um grande campeão – diz Acioly. – Agassi está se aposentando nos termos dele. Está se despedindo no maior torneio de tênis que acontece no país dele, diante de uma torcida apaixonada. O Pete Sampras, que foi outro tenista deste nível, não teve uma festa como essa. Agassi vai fazer muita falta tanto dentro quanto fora de quadra, porque é um atleta e um ser humano incrível.
Thomaz Koch, segundo maior tenista do Brasil em todos os tempos e recordista de confrontos pelo país na Copa Davis, também lamenta a aposentadoria de Agassi:
– Eu acho uma pena, porque curto muito vê-lo jogar até hoje. E tenho certeza de que ele também gostaria de jogar mais, mas atualmente o custo é muito maior do que o benefício para ele, as dores depois de cada jogo são enormes e a recuperação é bem mais lenta – diz Thomaz. – Tiro o meu chapéu para o Agassi porque ele teve uma vida de altos e baixos, caiu no ranking e voltou ao topo. Foi uma carreira muito proveitosa. O tênis vai sentir muito a falta dele.
Na noite desta sexta-feira, Nelson Aerts, Ricardo Acioly, Thomaz Koch e outros grandes nomes do tênis brasileiro entram em quadra para a disputa da primeira rodada da quinta etapa do Citibank Masters Tour, no Iate Clube de Brasília. Neste sábado acontecem as semifinais do torneio e no domingo, a partir das 11h, será realizada a final da competição.
Jogos desta sexta-feira:
KOCH/ALBANO x AERTS/FACANHA
OPREA/DUMONT x KLEY/MENEZES
KIST/GOES x SOARES/HOCEVAR
GUEDES/ARGUELLO x BARBOSA/MARCELINO