São Paulo (SP) – Campeão de Roland Garros em 1990, o equatoriano Andres Gomez chegou ao Brasil nesta quarta-feira para disputar, de sexta a domingo o Citibank Masters Tour, em Curitiba, ao lado de Thomaz Koch. Gomez desembarcou em São Paulo, onde recebeu homenagem do Club Athletico Paulistano, bateu bola com as crianças do clube, com Julio Goes e conversou com a imprensa.
Ídolo no Equador, Gomez teve uma calorosa recepção na capital paulista. Foi recebido no aeroporto por Danilo Marcelino, seu companheiro dos tempos de juvenil, e cercado pelas crianças ao chegar no Club Athletico Paulistano, que ansiosamente aguardavam a aparição do ex-quarto colocado no ranking mundial, campeão de Roland Garros e bicampeão do Masters Series de Roma.
“É sempre muito bom vir ao Brasil, onde joguei muitas vezes e tenho muitos amigos. Estou muito feliz por voltar aqui de novo e para jogar. Um tenista que passa 15, 20 anos jogando no circuito, com os melhores do mundo, precisa continuar competindo,” comentou Gomez, que atuará ao lado de Thomaz Koch, no Citibank Masters Tour. “Jogamos juntos há 25 anos. Ainda me lembro quando o vi jogar pela primeira vez quando tinha uns 12 anos, tive a oportunidade de jogar com ele umas vezes e quase trabalhamos juntos. Antes de treinar com o Pato Rodriguez, procurei o Thomaz mas ele já estava comprometido com outro tenista.”
ROLAND GARROS – Atualmente, além de dirigir uma escola de tênis para mais de 200 crianças em Guaiaquil, Gomez participa também do Seniors Tour da ATP e disputa as competições Masters dos Grand Slams, especialmente em Roland Garros.
“Não há palavras para dizer o que Roland Garros significa. Foi lá que ganhei o meu maior título. Joguei Roland Garros por 14 anos e tive chances de ganhar até antes do que quando venci em 1990. Nós, sul-americanos nascemos jogando no saibro e quando você pergunta para algum jogador daqui, que torneio quer ganhar a resposta imediata é Roland Garros.”
GUGA – Conhecedor dos caminhos da conquista em Paris, Gomez, que ergueu o troféu aos 30 anos de idade, acredita que o maior ídolo do esporte no Brasil, Gustavo Kuerten, hoje com 28 anos de idade, possa vencê-lo novamente. “ Para mim, especialmente, a idade não é um impedimento e tem o exemplo do Agassi, que está com 35 anos. E se tem uma quadra onde o Guga pode voltar a vencer é em Roland Garros. Mas, o importante para mim é que ele está com vontade de jogar, quer jogar pelo prazer que isso dá a ele e depois de tudo que já conquistou, que já fez, só o fato dele estar competindo novamente após duas cirurgias é um êxito.”
Entre as apostas para o campeonato de Roland Garros deste ano, Gomez coloca o espanhol Juan Carlos Ferrero entre os favoritos. “Os latinos vão ficar bravos comigo, mas acho que ele está voltando a jogar muito bem e vai chegar em boas condições lá. O Rafael Nadal vai chegar como favorito, mas ainda temos que ver o que vai acontecer em Roma e Hamburgo.”
DEPOIS DE VILAS – Primeiro jogador da América do Sul a vencer um Grand Slam depois de Guillermo Vilas, Gomez acredita no sucesso do tênis latino, através do trabalho individual. “O tênis é cíclico, mas uma coisa que não muda é o fato de sempre termos uns 15 latinos entre os top 100. Agora temos a Argentina se destacando e é um país um pouco diferenciado em termos de organização, mas nos outros países é quase sempre um resultado de um trabalho individual e de exemplos que vão se seguindo. O Vilas ganhou Roland Garros, depois eu ganhei, o Guga, o Gaudio e assim vai. Agora temos três latinos depois de Vilas campeões em Paris e podem vir mais. O que diferencia a Argentina do resto é que tem muitos ex-jogadores envolvidos no trabalho, na formação dos tenistas. O tenista precisa de alguém que conheça os caminhos, que deixe as coisas, viaje e fique com ele, como foi o Larri com o Guga.”
POPULAR – Apesar de o Equador não ter produzido outros grandes nomes entre os tops, com exceção de Nicolas Lapentti que chegou a ser o 8o. do mundo, para Gomez o tênis mudou no país, assim como no Brasil, em termos de popularidade do esporte. “O tênis foi para as ruas depois que ganhei Roland Garros e acho que foi a minha maior contribuição. Deixou de ser um esporte jogado nos clubes e hoje em dia temos inúmeras quadras públicas, muita gente jogando e se tornou o segundo esporte mais popular no Equador, atrás apenas do futebol.”
FEDERER – Destaque na época em que Ivan Lendl, Mats Wilander, Jimmy Connors e John McEnroe, entre outros, competiam, Gomez se impressiona com o fenômeno Roger Federer e com o espanhol Rafael Nadal. “Ele já está com o nome dele entre os grandes. Alguém que ganha oito torneios num ano, três Grand Slams diferentes, coisa que ninguém havia feito desde Wilander, já está no nível dos melhores da história. Mas, estamos falando dele e vem um cara como o Nadal e o que me dá pena é que hoje em dia, por exemplo, ninguém mais fala do Sampras, que se aposentou há dois anos. Na minha época ficamos falando de Laver e Emerson por muito tempo.”
DAVIS – Lembrado também pelo confronto entre Equador e Brasil, em 1987, em que Luiz Mattar o derrotou, em São Paulo, vencendo o confronto Gomez falou que nunca havia visto uma torcida como aquela, festejando para um país e que aquele foi mais um momento importante entre tantos que jogou de Copa Davis. “É um ambiente que a gente não vive em outra competição e onde o público faz a diferença. Me lembro que voltei para casa querendo ter uma torcida como aquela para o meu país.” Lembrou ele que representou o Equador durante 18 anos na Copa Davis. “Joguei até os 40 anos e não queria deixar de jogar a Davis.”
FAMÍLIA – Pai de três meninos e duas meninas, Andres Gomez fez do tênis uma obrigação na família. “Não quero que nenhum filho meu chegue aos 20 anos de idade dizendo que não sabe jogar, todos aprenderam,” conta ele, que entre os cinco filhos terá um jogando tênis universitário nos Estados Unidos, no ano que vem e outro (Emílio) que estará no Brasil, dentro de duas semanas, para jogar o Campeonato Sul-Americano de 14 anos, em Itajaí. “Não sou daqueles pais que fica em cima, faz pressão, só quero que eles saibam jogar o esporte que é a minha vida.”
CURITIBA – Depois de conversar com a imprensa, Andres Gomez entrou em quadra, jogou com as crianças e bateu bola com Julio Goes, mostrando ao público o talento que o levou a conquistar 21 títulos profissionais. Logo depois ele embarcou, com Danilo Marcelino, para Curitiba, onde sexta-feira joga ao lado de Thomaz Koch, contra a parceria dos irmãos Marcos e Alexandre Hocevar, no Graciosa Country Clube, com entrada gratuita (Av Munhoz da Rocha 1146).